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Foto: Pedro Piegas (Diário)
Uma estrutura centenária, toda de tijolos a mostra e bem resistente reapareceu em meio à barragem DNOS. São ruínas que estão submersas, pelo menos, desde 1972, ano em que o reservatório foi inaugurado. As paredes só ficam visíveis em períodos de estiagem, como agora, o que desperta muita curiosidade dos moradores. Afinal, são ruínas de que construção?
style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">A primeira hipótese que surgiu foi de que o prédio era de uma antiga igreja. Essa versão é popularmente conhecida no Bairro Campestre do Menino Deus. Só que pouco depois, moradores antigos e pesquisadores esclareceram que, na verdade, se tratava de uma casa de apoio aos ferroviários. Em resumo, os funcionários bombeavam água da estrutura desse prédio até os trens a vapor que cruzavam pelos trilhos ali próximos.
- Era parte de uma casa de máquinas. No início do século passado, a ferrovia passava do lado de onde agora é a barragem. Os trens eram reabastecidos por água de uma cisterna, puxada por bombas que ficavam dentro dessa casa. Só que em 1940 teve um deslizamento de terra e de pedras, o que destruiu a ferrovia. Depois disso, a casa de máquinas foi desativada, mas a estrutura ficou ali. Quando a barragem começou a encher, as ruínas começaram a desaparecer aos poucos - explica o militar da reserva e pesquisador da história de Santa Maria, Carlos Antônio Gomide, 75 anos, que vive há 25 anos na região do Campestre.
Alternativa para a estiagem, barragem na região está com 71% da obra finalizada
A fachada das ruínas do prédio tem uma abertura em forma de círculo. Conforme Gomide, foi isso que fez muita gente acreditar que se tratava de uma igreja. Mas, na verdade, a abertura era para saída de combustível.
REPERCUSSÃO
Foi uma publicação nas redes sociais do vereador Givago Ribeiro (PSDB), morador do Campestre há 30 anos, que chamou a atenção dos santa-marienses para o mistério das ruínas. Segundo Givago, os primeiros tijolos começaram a aparecer há 25 dias. Agora, a parte da estrutura que já está fora d'água é de cerca de 1,5 metro, o que comprova que o nível da barragem cai rapidamente com a estiagem.
- A gente vem monitorando e fazendo algumas imagens da barragem. A partir disso, decidi compartilhar nas minhas redes sociais. Foi importante para reviver a história do bairro, da viação férrea - destaca.
Não é a primeira vez que as ruínas aparecem. A última vez foi há 15 anos, na seca de 2006 (foto abaixo). Naquela época, a estrutura, que tem cerca de 5,5 metros, ficou toda fora d'água. A esperança, agora, é que o nível do reservatório não diminua tanto.
- É um cenário triste para nós, que somos acostumados com a barragem e praticamos esportes náuticos. Torcemos muito pela chuva - reitera Givago.
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Foto: Arquivo Pessoal
COMO CHEGAMOS ATÉ AS RUÍNAS
style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">As ruínas ficam localizadas bem no meio da barragem, em uma área próxima das comunidades Montanha Russa e Canários. Para a nossa reportagem chegar até lá, foi necessário remar bastante. Acompanhados do Givago Ribeiro e do Carlos Roberto Gomide, remadores experientes, pegamos os caiaques na sede da Associação Santamariense de Esportes Náuticos (Asena) e carregamos as embarcações até um ponto onde é possível navegar - boa parte do DNOS já está seco, com terra rachada visível ou vegetação com animais pastando. Além dos coletes salva-vidas, levamos um bocado de coragem - o fotógrafo Pedro Piegas já havia remado antes, mas eu fazia a minha estreia. Depois que entramos na água, em dois caiaques com dois lugares cada, remamos por cerca de 500 metros até chegar nas ruínas. Durante todo o trajeto, o barulho dos pássaros e da água foram nossos companheiros, na paisagem encantadora em meio aos morros que rodeiam o Bairro Campestre. Ao final, chegamos perto e até tocamos em uma porção submersa da história de Santa Maria que voltou à tona. Retornamos com uma boa história - e sem virar o caiaque!